sexta-feira, 10 de julho de 2009

Hoje eu sou aquilo que escrevo em mim*


Faltando cinco minutos para uma hora da madrugada e tudo o que mais desejo é escrever. Queria escrever em um diário ou até mesmo rabiscar algo em um papelzinho, mas não posso acender as luzes, pois meu irmão dorme na cama ao lado. Azar de quem ainda divide quarto. Então é melhor usar o computador mesmo. Santa modernidade...ruim com ela, pior sem ela!
Para quem escrevo - pergunto-me. Talvez escrevo para mim mesmo, para tentar me encontrar entre as linhas, entre os "as" e os "es" de cada oração. Não. Mentira. A escrita aqui é quase uma anesteziante, o que não é novidade, quem nunca ouviu falar em pessoas que escrevem para desabafar? Escrita para exorcizar, para inflamar, tem de tudo...
Quem nunca escreveu para tentar aliviar a dor no coração? Muito piegas tudo isso, mas é fato: hoje, 11 de julho de 2009, escrevo porque sofro de amores. Escrevo pra ver se ela - a escrita - toma conta de mim, personifica-se, ou melhor, torna-se uma entidade. Tomado por ela, talvez esqueça de quão doloroso é sentir o que sinto, pensar o que penso, desejar o que desejo.
É aliviante, afinal tem tanta palavra a ser escrita. Ora, quantos livros já não foram escritos? Muita coisa já foi dita. Tantas palavras, frases, conjunções, verbos, pronomes, etc.
Aposto que muita coisa que já foi escrita, impulsionado também pelo que sinto agora. Basta pensar nos poetas que, em sua maioria, são amantes sem lei. Não quero entrar em contradição com o que Drummond disse: "Entendo que poesia é negocio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo..."
Apenas acho que há um toque de amor em cada poeta. Amor perdido, amor vivido, qualquer expressão de amor. Eu que não sou poeta posso assumir que minha escrita, hoje, é de dor e de amor, tudo ao mesmo tempo, tudo misturado e tudo embaçado.


*Frase da querida amiga, Lorrana Calíope. Talvez a que melhor expressa o que sinto no momento.
Imagem utilizada na postagem: Pablo Picasso La lecture 1934.

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